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Luana, uma flor no jardim de Patrícia Viana |
Eu sempre achei que uma mulher se realiza por completo quando vive a maternidade, uma experiência que transcende qualquer tentativa de explicação, algo que você só consegue dimensionar a partir do momento que vive, e que muda decisivamente e eternamente o que somos , o que pensamos e como agimos. É impressionante como nos tornamos mais fortes, nossos reflexos mudam, a sensibilidade , então, só cresce mais e mais a cada dia, junto com um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo.
O que eu não sabia é que tudo isso pode ser ainda maior quando somos surpreendidas por uma maternidade especial, quando somos escolhidas para sermos mães de uma maneira muito mais intensa, em virtude desta maternidade nos exigir ainda mais dedicação, desprendimento, atenção, cautela, paciência, sabedoria e principalmente muito amor.
Eu agradeço a Deus diariamente por ter sido escolhida por Ele para viver esta maternidade. Sou mãe de três filhas, Mariana de 8 anos, Juliana de quatro anos e Luana , de dez meses que nasceu com Síndrome de Down. Elas são o que de melhor poderia ter acontecido na minha vida.
Toda as vezes que me perguntavam sobre o sexo do bebê ou o que nós preferíamos, alguém sempre vinha com aquela frase clássica: “não importa o sexo, mas o importante é que venha com saúde”. Ainda que a Síndrome de Down não seja uma doença, mas sim uma condição, um conjunto de sinais e sintomas, algumas crianças nascem com algumas complicações que podem comprometer seriamente a sua saúde, e é claro que isso preocupa e assusta bastante os pais.
No caso da minha filha Luana, ela não apresenta nenhuma dessas possíveis complicações, o que não afasta a necessidade de cuidados especialmente complexos com ela. Apesar de nós sempre desejarmos o melhor para os nossos filhos, hoje eu realmente compreendo que o importante não é que os nossos filhos “venham” com “saúde”, mas que independente de como eles nasçam , nós sejamos excepcionalmente maravilhosos para fazer da vida deles uma grande vitória, a cada dia que passa.
Quando a Luana nasceu, eu tinha muito medo que o caminho fosse muito mais de espinhos do que de flores, e hoje eu vivo num jardim lindo, recheado das mais belas flores que uma mãe almeja receber. Não porque não existam aflições ou dificuldades, preconceito ou obstáculos grandes a superar, mas sim porque eu decidi não lamentar, mas aceitá-la como ela é, como devemos aceitar todos os filhos com suas particularidades, e viver esta experiência intensamente, oferecendo a ela a todo instante o meu melhor, sempre.
Apesar de eu ser fisioterapeuta, as dificuldades que enfrentei e enfrento são as mesmas de qualquer outra mãe porque ela não é minha paciente, é minha filha. Além do amor de Deus, que nos envolve e nos acalma dia e noite, um aliado bastante importante foi a informação, quanto mais eu me informava, mais e mais o meu coração se acalmava, e eu entendia que a nossa dedicação incondicional a ela faria toda a diferença. E tem feito, a Luana me ensinou que ser mãe dela é uma honra, porque eu conheci o significado do amor na sua ainda mais plena essência, e como eu escrevi no início deste texto , um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo. A Luana é uma jóia rara, que precisa apenas de uma lapidação mais cuidadosa e especial, mas que também terá seu brilho e beleza próprios. Ela é, sem dúvida , o que eu precisava para merecer a plenitude da alegria de ser mãe.
Patrícia Sanches de Faria Viana (Crefito 120083)
Coordenadora do serviço de Fisioterapia da Freixo Clínica