segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Encontros e Despedidas

Atualmente a sociedade, bem como estudiosos e pesquisadores voltaram atenção às relações e relacionamentos. E por que não falar sobre Relação Paciente e Terapeuta?

Segundo o dicionário, “relacionamento é o ato ou efeito de relacionar-se; capacidade em maior ou menor grau de relacionar-se, conviver ou comunicar-se com os seus semelhantes, ligação de amizade afetiva, profissional, etc.”

Quando o paciente nos procura para ajudá-lo estabelecemos na primeira sessão uma empatia e este primeiro contato define o tratamento, portanto, um relacionamento.

Não importa quantas sessões, meses ou anos serão necessários. Não há como negar que exista um vínculo não só pelos encontros semanais, mas o paciente compartilha parte do que você é, sua profissão, seu trabalho e sua segunda casa (nossos consultórios).

Vocês já se perguntaram quantas pessoas passaram por suas vidas, seus consultórios ao longo de tantos anos? Quantas histórias de relacionamentos poderíamos contar, relembrar e vocês ão de concordar que sentimos saudades daquela pessoa, que durante algum ou muito tempo fez parte da nossas vidas.

Somos capazes de lembrar momentos que necessitamos chamar à atenção por não realizar exercícios ou elogiamos quando venceram alguma fase rumo ao objetivo terapêutico. Também somos capazes de lembrar dos dias em que rimos de algum caso ou mantivemos o silêncio em respeito a dor do paciente. Relacionamento é também saber respeitar o silêncio, entrar em sintonia com o paciente a ponto de captar sua necessidade emocional, neste momento a técnica dá vazão ao afeto.

Imagina como é interessante você pensar em quantas pessoas diferentes, de quantas histórias de vidas fizemos parte, direta ou indiretamente , quantas lembranças boas, e algumas vezes ruins, guardaremos na nossa caixinha de memórias chamada coração? Dessa, nem o tempo será capaz de levar...Ter a sensação de dever cumprido, de ter feito parte da vida de pessoas tão diferentes, com suas histórias nos faz verdadeiramente vínculadas á elas.

São sensações iguais as que vivemos em nossos relacionamentos pessoais: realizações, saudades, respeito, afeto e muitas vezes, despedida e como despedir-se de alguém tão especial, que compartilhamos sensações? Assim é a nossa relação terapêutica.

Tenho pacientes em terapia com a alta já prevista, e porque não dizer a despedida... não, não, não... torna-se necessário não pensar em despedidas, mas no Sucesso Terapêutico, que é o objetivo da alta.

Despedidas fazem parte de ciclos que se encerram e renovam as chances de novas etapas começarem, novos pacientes, novas histórias, novos vínculos,e,   novos Sucessos.
Como disse Milton Nascimento: " A hora do encontro é também despedida...".

Patrícia Pigossi
Fonoaudióloga da Freixo Clínica
CRFª 14.474

Os filhos na Separação Conjugal

Neste novo texto gostaria de dar continuidade ao tema tratado anteriormente  (clique aqui para ler), mas agora com ênfase na repercussão da separação conjugal nos filhos.

A separação conjugal tem sido considerada, por muitos segmentos da sociedade, inclusive por alguns educadores, como um dos fatores responsáveis pelas dificuldades emocionais e pelo fracasso escolar de crianças e adolescentes, sendo que algumas escolas ainda na década de 70 , não aceitavam alunos cujos pais fossem separados. Nas duas últimas décadas, a investigação e a maior compreensão dos mecanismos que regem a dinâmica familiar têm possibilitado a revisão de alguns preconceitos e conceitos, passando-se a considerar as disfunções familiares enquanto expressão dos diversos membros que a compõe.

Houve um aumento nestas últimas décadas de separações terminadas em divórcios, porém acompanhadas com um aumento de novas uniões, são as famílias compostas, pluralistas ou reconstituídas, aqui uso uma expressão não minha, mas que me simpatizo muito; " os meus, os teus e os nossos”, filhos, amigos, parentes, agregados que constituem o novo conceito de constituição familiar, em que fundamentalmente se formam por VÍNCULOS AFETIVOS e não mais por VÍNCULOS CONSANGUÍNEOS. 

Começando a ruir a imposição do casamento para toda a vida, surgindo à necessidade de realizações emocionais satisfatórias. E como ficam os filhos nesta nova dinâmica?
A separação conjugal não é a grande vilã e responsável pelos problemas emocionais das crianças e adolescentes, o que tenho visto no consultório que muitas crianças já eram problemáticas ou já apresentavam dificuldades emocionais durante o período do casamento dos pais, que são provenientes de relação insatisfatória pais/filho, deste casamento insatisfatório, dos papéis desempenhado pelo filho em uma dinâmica familiar disfuncional, e até algumas patologias já estavam instaladas cujo estopim se deu com a separação dos pais.
De forma nenhuma posso, como também não devo, menosprezar o impacto da separação conjugal, os filhos são afetados e necessitam neste momento estrutura emocional para readaptar-se a nova constituição familiar, precisam de estrutura para lidar com as perdas e mudanças, todavia a superação da separação dos pais para os filhos vai depender de como os cônjuges conduzem este processo, sendo necessário preservar a imagem de ambos para a criança.
Deve-se lembrar que a separação não necessariamente tem que ser traumática, alias, quanto menos traumática melhor será a relação desses pais no futuro, favorecendo o entendimento no que se refere a tomada de decisões na educação e na relação e manutenção afetiva deste filho.

É importante saber que a base de desenvolvimento emocional e cognitivo da criança são suas vivencias com as figuras parentais, sendo muito sensitiva e perspicazes para captarem as variações do ambiente familiar, nesse sentido, o clima de tensão e as crises do casamento de seus pais que podem resultar na separação são percebidas, mesmo quando estes têm o cuidado de preservá-la de suas discussões e agressões.
O que se faz necessário é informar a criança, que já percebeu, o fim da relação conjugal e deixar claro que o casamento termina, mas as relações parentais e afetivas são eternas. O grande problema é que ambos (pai e mãe) estão tão emergidos em dores e frustrações que não poupam ou tão pouco conseguem administrar a frustração da criança, sendo fundamental procurar ajuda profissional nestes casos, pois a criança  tende a se culpar e por fim acaba tentando lidar com a dor dos pais e com sua própria dor que resulta numa sobrecarga emocional e prejudicial ao desenvolvimento infantil.

As expressões das ansiedades da separação dos pais são manifestas por meio de verbalizações, jogos, brincadeiras, produções gráficas, porém quando as possibilidades lúdicas não são suficientes para expressão da angústia e não exista a elaboração da situação, a criança pode passar a apresentar queixas psicossomáticas; dificuldade no rendimento escolar, bloqueios cognitivos, alterações de comportamento ,isolamento, agressividade, entre outras que tende a surgir podendo assumir caráter transitório ou permanente, neste caso já não é necessário um profissional Psicólogo, mas  INDISPENSÁVEL para a saúde mental da criança.
E termino aqui, disponível para responder questões afins e deixo uma frase ... "Ser humano saudável é aquele que supera suas frustrações” .....e “redefine” a felicidade...

Elaine Soares Queiroz
Psicóloga / Diretora da Freixo Clínica
CRP 06/63511-0

Adoção

O tema da adoção é vasto ao abordá-lo esbarramos em outros temas não menos complexo que é a formação da identidade parental do casal.
Muitas vezes o interessado busca a adoção, como sendo a possibilidade de ampliação do seio familiar ,quase sempre pela impossibilidade de procriação ou mesmo tendo decidido não gerar um filho biológico, escolham a adoção como um caminho possível da paternidade e da maternidade.
Embora, hoje em dia, as adoções possam ser efetivadas por casais com filhos e por pessoas solteiras, a maior procura surge entre casais, que por alguma razão não conseguiram gerar filhos biológicos.

 A adoção tem como finalidade responder as necessidades da criança e dos pais, permitindo que ela encontre uma nova família, um ambiente afetivo satisfatório e ao mesmo tempo formativo. Por sua vez, a adoção, representa uma possibilidade para pais que não podem ter filhos e que desta maneira têm a possibilidade de exercer este papel.
O período de gestação oferece uma oportunidade para o casal ir se preparando para ter uma nova identidade, que é a de ser chamado de pai e mãe.

Entretanto, na adoção está condição é muito diferente, por demandar um processo de identificação com os nossos atributos, sem muito tempo de aquecimento para esta etapa de vida.
O casal que adota passa a ser nomeado como “pai e mãe”, uma nova identidade é criada para este casal, e é através desta nomeação que estes serão conhecidos pelos seus filhos.

Segundo a psicanalista Polity (2001, p 29), quando um casal decide adotar uma criança, muitas modificações acontecem na vida psíquica de cada um. Sobretudo na relação entre ambos.

Freqüentemente a adoção está associada a situações geradoras de conflitos ou dificuldades não apenas pelo senso comum, mas ás vezes até por profissionais da área da saúde.

Apesar do tema ser tão antigo e estar presente ao longo da história da humanidade por exemplo, o caso de Hércules, esta constituição familiar ainda continua , envolta em preconceito e discriminação.

A identidade não vem pronta e sim através de uma construção contínua, sendo assim, se torna passível, de ser revisada e redefinida numa proposta terapêutica.

Sempre existiram e sempre existirão mães que, por inúmeras razões, abandonam ou entregam seus filhos a pessoas que têm um grande desejo de ter filhos e, pessoas que não querem, ou não podem ter ou criar seus filhos.

Dentre as pessoas que têm este desejo de ter filhos, uma parte significativa não pode tê-los biologicamente e dentre todas as crianças existem muitas que ficam sem pais naturais.

Em conseqüência disso, alternativas foram elaboradas por várias organizações para que outro tipo de relações familiares, que não necessariamente as biológicas existissem, tendo como objetivo principal ou se deveria ter o de proteger a criança, embora a filosofia “do melhor interesse para criança” tenha origens recentes em todo o mundo.

No passado a adoção tinha somente o objetivo de ser um instrumento para suprir as necessidades de casais inférteis ou então como um meio para dar uma família para crianças abandonadas.

Esta forma de adoção era conhecida como “adoção clássica” desse modo a adoção vem somente atender aos pais que desejavam fazer sua inscrição na história, ou seja, de escapar da finitude e, de criar suas próprias raízes, para estes casais o objetivo na maioria das vezes era de uma certa maneira a de manter sua própria sobrevivência.

A falta de parentesco consangüíneo não significa falta de amor, pois na maioria das vezes o amor é até sem limites.

Para Chaves (1983, p. 4), que escreveu seu livro antes do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), a adoção é “ato solene” pela qual obedecidos os requisitos da lei, alguém estabelece, geralmente, com um estranho um vínculo de paternidade e filiação legitima de efeitos limitados, e sem total desligamento do adotando da sua família de sangue.

O sobrenome é a indicação e o reconhecimento social de que o indivíduo pertence a uma família. O nome é dado, mais o sobrenome é transmitido.

A adoção no Estatuto da Criança e do Adolescente possui abrangência clara de finalidade voltada para os interesses do adotando, juridicamente alguns a consideram contrato, outros ato solene, ou então filiação criada pela Lei ou ainda, instituto de ordem pública.

Para Gibert 1977, ( apud Weber, 2001 p.60 ) é preciso discernir entre o desejo de ter um filho e a decisão de cuidar dele: alguém pode, por exemplo, desejar um filho, mas decidir não tê-lo. Os desejos, segundo o autor, são instâncias transmitidas psiquicamente e podem não consumar-se, ademais pode-se desejar uma coisa e decidir-se por outra. Entretanto, não aceitar faz parte de um processo psíquico e não biológico. A decisão de tê-lo não se constitui necessariamente a partir de uma determinação instintiva, mas remete a uma alternativa atravessada por variáveis psíquicas e sociais, não é o mesmo que saber cuidar do filho, como vem fazendo as mulheres ao longo dos anos.

Saber cuidar, não significa querer fazê-lo.

Podemos perceber que existe um número expressivo de crianças abandonadas, maltratadas, espancadas e até mortas por suas famílias, mostrando que o vínculo biológico não garante amor e proteção. Mas que por outro lado, observava-se famílias com filhos adotivos e homens e mulheres que partiram para novos casamentos e acolhem as crianças de seus companheiros e companheiras com profundo amor. Isso deixa claro que o amor a uma criança não depende necessariamente do vínculo biológico.

Não podemos negar aqui que existe o amor materno, sentimento adquirido que se estabelece pelo contato e disposição da pessoa com amor à criança, amor só de mãe tem certamente um fundo de verdade. Já que o amor de mãe costuma ser mais estável, confiável, puro e supera melhor as dificuldades, mais do que o amor entre um homem e uma mulher.

A adoção dá o direito, tanto para os pais quanto para a criança, de ter as suas necessidades respondidas, pois, traz a possibilidade para que a crianças encontrem uma família que possa lhe oferecer um ambiente afetivo que satisfaça o seu desenvolvimento e aos pais a oportunidade de exercer seu papel.

Os pais que desejam adotar, vivem um momento incerto de espera que pode perdurar por meses ou anos, o que acaba por acarretar uma insegurança que se torna muitas vezes, difícil para ser elaborada pelo casal.

Essa espera vivida pelos pais adotantes é angustiante devido ao medo de chegar no final de semana sem conseguir uma criança; medo da criança ter alguma doença ou que morra em suas mãos, medo de não ser amado ou de não conseguir amar o filho, medo de não ser boa mãe e outras fantasias que se acumulam nesses momentos.

A adoção para a mãe não significa apenas ter um bebê para cuidar. Essas emoções devem ser elaboradas, pois podem vir a influir negativamente sobre os sentimentos dos pais em relação ao bebê.

Casos em que a esterilidade é comprovada, isso pode trazer uma ferida narcísica de difícil aceitação. pois o indivíduo se vê privado de dar continuidade à sua vida através do filho. Nos casos de pais que buscam a adoção para tentar substituir a morte de um filho, pode ocorrer em uma relação hostil , uma vez que incansavelmente a criança simboliza aquilo que não está presente.

Segundo Brinich, apud Berthoud. (1999) o autor ressalta que para a mãe adotiva a questão de “ter ganho um bebê” e “não ter tido um bebê”, pode trazer implicações na representação que ela fará de si mesma e da criança adotiva, pois a mãe biológica pensa na criança como parte dela e a mãe adotiva vê a criança com parte de outra pessoa.

A mãe biológica envolve a criança, com uma grande carga de sentimentos, o que para a mãe adotiva constitui-se uma dificuldade, pois a criança a faz lembrar de sua “ incapacidade”...

Os pais adotivos com conflitos epidianos não ressalvadas, sentem-se como se tivessem roubado a criança de outra pessoa, e apresentam medos de que seus filhos os deixem. Expressam esse medo primitivo impedindo a criança de ficar com outras pessoas, o que acarreta dificuldades de permitir que a criança vivencie experiências normais de separação, como, ir à casa de um coleguinha brincar ou mesmo dormir fora de casa.

A fantasia de perda e o medo de que a criança abandone os pais adotivos faz com que estes tornem-se permissivos, demonstrando grande dificuldade em impor limites, esses medos são acompanhados por sentimentos inconscientes de culpa.

É comum os pais adotivos apresentarem a “fantasia do roubo”, pois têm medo que os pais biológicos exijam a devolução da criança. Isso ocorre pelo temor correspondente ao mundo fantasmático.

A família adotiva por não poder vivenciar o narcisismo questão que é sempre reforçada na família biológica, tende a compensar esse fato de modo que ao negar a adoção afirmando que são uma família biológica, dispensa a importância dos verdadeiros pais.

Muitos pais adotivos temem que a família biológica interfira no relacionamento dos filhos adotivos, outros, já pensam de forma diversa procuram os pais biológicos no momento de ajuda aos adotados. Para que isso aconteça os pais adotivos tem que ser muito bem resolvidos.

Falar com a criança e partilhar os seus sentimentos, faz com que os problemas sejam resolvidos com maior tranqüilidade, pois, quando o tabu se instala surgem os distúrbios de adaptação e emocionais.

É importante que os pais estejam preparados para lidarem com alguma decepção que possa surgir frente á criança, pois não existe um filho adotivo que vá com “selo de garantia”, como também
não há " selo de garantia" para o filho biológico, concluindo,  não existe uma adoção garantida, como não existe uma produção biológica garantida, porém, para as relações parentais serem  " satisfatórias" é essencial que os pais se encontrem preparados para aceitar uma criança  e simplesmente amá-la incondicionalmente.

Mônica Leite da Silva (CRP 06/70777)
Psicóloga da Freixo Clínica

A Reeducação Postural Global (RPG) pode mudar sua Vida.

Muito mais do que uma técnica fisioterapêutica , a Reeducação Postural Global (RPG) deve ser vista como um grande instrumento para mudar e melhorar a vida do paciente, contribuindo efetivamente para a conquista de um estilo de vida  mais saudável e de qualidade.
É importante ressaltar que a terapia não pode ser restrita ao tempo de consultório, quando o terapeuta tem  a  oportunidade de aplicar a técnica, mas principalmente usar este momento também para conhecer seu paciente, não apenas o que o incomoda mas a causa desse incômodo, e aproveitar este tempo para além de tratá-lo , orientá-lo muito bem. Como podemos Reeducar alguém sem saber quem ele é, o que pensa, sem  conhecer sua vida fora dali? A Reeducação Postural começa na mente do paciente.
Para que haja sucesso no tratamento, o paciente precisa entender a sua importância dentro da terapia, o quanto a sua disposição em mudar hábitos errados fará a diferença no resultado final. A Reeducação implica transformar inclusive a imagem corporal do paciente, ou seja, o seu auto-retrato gravado em seu cérebro. Esse processo vai ocorrer lentamente ao longo da terapia , não apenas pela intervenção do fisioterapeuta mas, principalmente na associação desta intervenção ás mudanças nas atividades de vida diária e profissional do paciente.
E que mudanças são essas? São mudanças que precisam ocorrer desde o momento em que o paciente acorda até a hora de dormir, ensiná-lo a perceber claramente o que traz danos e prejuízos ao seu corpo, a discernir entre o que é fundamental para viver bem e o que gera stress, cansaço e dor. Mudar nesse contexto é sinônimo exclusivamente de melhorar. E o paciente precisa querer melhorar.Para isso, precisa confiar em você, acreditar que o que você diz terá efeito, e só conseguimos essa confiança quando o paciente encontra  em nós comprometimento, antes mesmo de conhecimento.
Não basta ter uma grande ferramenta nas mãos se não soubermos o que fazer com ela. Com a Fisioterapia aprendemos a arte de reabilitar, recuperar o que foi perdido. As pessoas hoje carecem de serem ouvidas, de serem percebidas dentro da sua queixa, do seu sofrimento. A Reeducação Postural Global pode mudar sua vida e deve, através do ouvir, do querer, do saber, do perceber, do transformar, do orientar e mais que tudo, do não desistir nunca de fazer o melhor pelo nosso paciente, sempre.

Patrícia Viana
Coordenadora de Fisioterapia/RPG da Freixo Clínica
Crefito - 120083

terça-feira, 19 de junho de 2012

Aniversário da Freixo Clínica



Neste mês de junho a Freixo Clínica completa mais um ano de dedicação e competência. A nossa gratidão a todos os que fazem e fizeram parte desta história de sucesso: colegas, colaboradores, pacientes, amigos e familiares! Parabéns Equipe!

Elaine Soares
Diretora/Psicóloga da Freixo Clínica

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Mudar o mundo



Queridos leitores, seria impossível terminar o mês de maio dedicado às mães e mulheres sem dar ênfase a essas que passaram pelas nossas redes sociais, anônimas ou famosas, com seus depoimentos, textos e mensagens, nos tornando ainda mais apaixonados por causas das quais estamos nos dedicando (inclusão social) e inclusive, nos fazendo refletir e indagar: temos causa?

Quando proporcionar que, no seu estabelecimento, uma cadeira de rodas passe por entre as portas é uma causa? Onde respeitar as diferenças, seja em função de um cromossomo, de uma condição de locomoção ou de grau intelectual é uma causa?

Aprender sobre as diferenças, trabalhar com elas, e principalmente respeitá-las é simplesmente uma questão de cidadania, de ser humano, e, acima de tudo, é respeitar o direito alheio. Eu tenho o direito de ir e vir,  tenho direito a saúde e tudo mais que a sociedade em que vivo pode me conferir, mas desde que eu não tenha uma deficiência ou até ter uma.

Queridos, pasmem, em algum momento na vida nos tornamos deficientes ou já fomos, inclusive e principalmente na instância psicológica..." de perto ninguém é normal " . Ouvindo as autoras do livro Maria de Rodas contar sobre suas histórias e suas aventuras em alcançar objetivos (mais um tema impossível de não mencionar) eu acabei  por me titular: eu sou uma Maria sem rodas, tive, tenho, terei obstáculos a vencer, muita força, muito medo, muita raiva, muito  amor e já sofri preconceito... e quem já não sofreu? Disse a repórter Flávia Cintra, uma das autoras..."o mais difícil não é ser cadeirante, é ser mãe..."

A inclusão social não é uma obrigação só da rede pública, não é dever das instituições escolares ou de saúde, mas de toda a sociedade, é um problema meu, seu, nosso, um trabalho que começa individualmente, intimamente, mentalmente. Quando você observa um cadeirante e pensa “que dó dele”, já imaginou que, apesar da cadeira, bengala ou cão guia, ele pode estar mais feliz que você? Já pensou que ele pode realmente ter encontrado o sentido da vida enquanto você ainda busca?

Comece você  promovendo inclusão social, não há necessidade de tempo ou dinheiro, só abra os olhos do sentimento, abra os olhos do bom senso e comece intimamente uma campanha, mude seu pensamento, mude o seu olhar para as diferenças, conheça e reconheça-as, tornando-as apenas uma característica individual.

E, se conseguir faça mais, respeite as vagas de acessibilidade de um shopping ou de qualquer outro estabelecimento, elas atendem uma fatia da sociedade, são necessárias. Pense a próxima vez que for reformar sua calçada, por exemplo, um idoso consegue caminhar por ela ou um cadeirante? Se você tem um estabelecimento, ele proporciona acessibilidade? Quem sabe em uma próxima reforma?

Assim, preciso também lhes dizer que este texto não tem a intenção de ofender, ser falso moralista, ditar regras ou chocar quem quer que seja, mas, ao contrário, este texto tem a pretensão de mudar o mundo.

Talvez, meus queridos leitores eu passe despercebida aos meus amigos e até aos meus parentes, nem sei se verdadeiramente conhecem meu trabalho, porém um dia na vida eu decidi que não passaria despercebida à humanidade e não vou passar, estou solidária a alguém... sem destinatário, às vezes até sem mesmo remetente... vou deixar minha pequena grande contribuição e você? Vai admitir passar despercebido à humanidade ou contribuirá?...

Viva as diferenças e pensemos este mês nas relações...

Um grande abraço,

Elaine Soares Queiroz - CRP 06/63511-0
Psicólga/Diretora da Freixo Clínica

Pelos caminhos do amor



Eles pensavam que sabiam falar de amor. Enchiam cadernos, agendas, blogs, tweets e até guardanapos de lanchonete com poesias, declarações, juras, promessas, suspiros, devaneios, ilusões, sonhos e desejos.

Eles pensavam que entendiam as coisas da eternidade, dos corações, almas, químicas, corpos e despedidas. Acreditavam conhecer todas canções de amor, das mais bregas às mais sofisticadas; estavam certos de que todas versejavam sobre suas conquistas, frustrações e desventuras.

Julgavam já ter suportado todas as possíveis agruras, amarguras, dores do mundo e de cotovelo. Sábios e experientes na arte da platonicidade-não-correspondida: assim se concebiam.

Acreditavam, enfim, que entendiam tudo sobre o amor, ignorando que menos entende de amor aquele que mais o vive.

Um dia, porém, esse pequeno grande mundo estranho se tornou menor. Lá no céu astros esqueceram suas órbitas por um instante, colidiram, causaram explosões silenciosamente ensurdecedoras e o universo conspirou como só conspira em big-bangs e apocalipses: ela e ele enfim se encontraram na grande rede dos desencontros. O que antes era dois caminhos paralelos na penumbra, agora se tornou uma só clareira.

E a cada dia entendem menos de amor...

Paulo Becare Henrique - CRP 06/70260
Psicólogo da Freixo Clínica

Fidelidade entre paciente e terapeuta

A Fidelidade é o dever da lealdade e compromisso do fisioterapeuta para com o paciente em atendimento de RPG (Reeducação Postural e Global) e serve como base para a relação entre ambos. A veracidade, isto é, a utilização das verdadeiras e honestas  informações é um dever  prima facie dos profissionais de saúde.

Nessa relação deve existir a confiança que deve ser implantada logo nas primeiras sessões de atendimento. Este vínculo tornará o processo de tratamento eficiente e produtivo chegando ao alívio da dor e/ou correção postural.

A motivação também é parte fundamental deste processo. Entre posturas, controles abdominais,  fortalecimento muscular, o trabalho se completa com a permissão e admissão do contato físico (manobras do RPG) e emocional, fator esse que contribui para o quadro de dor.

Essa tríade paciente+ RPGista+vínculo, constitui a mais doce, tenra e eficiente amizade terapêutica necessária à busca do objetivo determinado por ambos na entrevista inicial.

Assim, o relacionamento entre terapeuta e paciente é extremamente importante para um resultado satisfatório e permanente, inclusive contribuindo nos aspectos emocionais causados pelas limitações da patologia ou da dor.

Andréia Regina Pavanello Garcia - Crefito 12701
Fisioterauta (especialista em RPG) da Freixo Clínica

A obesidade é séria demais!

Devemos entender que a obesidade é uma doença crônica. A pessoa obesa sofre constantes discriminações por parte da sociedade, como se ela fosse culpada pelo seu estado.

Na verdade, a pessoa obesa nada mais é do que uma vítima de fatores orgânicos, genéticos, hormonais e psicológicos, os quais têm implicações fortes para o controle da doença.

No entanto, é preciso avaliar todo o contexto e agir sobre cada um dos pontos que interfiram no sucesso de uma Reeducação Alimentar: mudanças de comportamento, estilo de vida, buscando ajuda com profissionais como médico, nutricionista, psicólogo e educador físico, para que juntos possam  ajudar a pessoa que sofre de obesidade.

Entre tantos preconceitos e discriminações, é impossível manter uma auto-imagem positiva, podendo em alguns casos, apresentar depressão, transtorno de ansiedade e outras manifestações mentais. Alguns estudos mostram que as pessoas obesas se mostram alegres e despreocupadas no convívio social, mas sofrem com sentimentos de inferioridade e sentem profunda necessidade de se sentirem amadas.

Muitos problemas começam ainda na infância, quando a criança obesa é excluída das brincadeiras, pois tem pouca agilidade, ou até mesmo tem dificuldades para locomoção e ainda sofrem com apelidos "jocosos". Já na fase adulta são bombardeadas com dietas da moda, lipoaspiração, ginástica passiva, eletroestimulação, tudo isso em busca de um corpo perfeito!

A sociedade é tão paciente com doenças inevitáveis como o Câncer e tão implacável com a obesidade, fazendo com que haja interferência na vida pessoal, social, profissional e afetiva. A pessoa obesa acaba sendo tratada como uma pessoa "preguiçosa, sem atitude ou sem  força de vontade".

Nós, como profissionais da Área da Saúde, temos o dever de ajudar nossos pacientes, independentemente do problema que tenham, afinal somos capacitados para que, com nossos conhecimentos, possamos ajudar a vencer os obstáculos, quaisquer que sejam suas proporções, e ajudar o paciente a ter uma qualidade de vida melhor!

A quem sofre com Obesidade, acredite é possível!

Sônia Carnicelli Felipe - CRN 20755
Nutricionista da Freixo Clínica

Relação Conjugal ou Futuras Relações Conjugais

Nestas últimas décadas ocorreu um aumento considerável no número de separações e divórcios, de tal modo que a sociedade passou a se preocupar com as famílias e sua desintegração, desenvolvendo, inclusive, campanhas acerca do fenômeno. Todavia, o aumento de separações  conjugais foi acompanhado pelo aumento de novas uniões, merecendo até classificações como famílias recompostas ou reconstituídas.

Nós, profissionais de saúde, educadores e a própria sociedade passamos a entender as novas configurações familiares e acompanhar o ritmo das reestruturações; não mais um divã para família e sim um divã para todas as famílias, surgindo: “os meus, os teus e os nossos”... filhos, parentes, amigos, agregados...

Para entender melhor a  relação conjugal, vejamos: duas pessoas, cada qual com sua história, sua individualidade, seu mundo emocional, seus conflitos e desejos escolhe outro e é correspondido. Ao escolherem-se estruturam  uma vida em conjunto, repleta de anseios, desejos, necessidades e conteúdos depositados no outro, e é esse conjunto que possibilitará ou dificultará a manutenção de papéis conjugais satisfatório para si e para o outro.

Tornar-se um casal não é uma matéria fácil, mas compreenda: o crescimento da vida emocional de cada um ou do casal é determinado por anseios profundos de se relacionar com outro, de amar e ser amado, e, em cada estágio da vida, existem qualidades ou situações que são especificamente demarcadas. Satisfazer as necessidades, pelo menos parcialmente do outro, faz a pessoa apta a satisfazer o próximo estágio de ambos, surgindo a relação conjugal satisfatória.

Um crescimento emocional saudável para a relação conjugal só é possível quando estes trocam impressões e respeitam sentimentos mútuos. Se você tem uma relação conjugal, reveja, repense: você esta  satisfazendo alguns anseios e desejos do outro? E, se você não tem uma relação no momento, prepare-se para satisfazer e será satisfeito. O grande problema é que nunca assumimos satisfazer o outro, buscamos sempre a nossa satisfação... que vem do outro... Deitar-se num divã muitas vezes é necessário, se for acompanhado, ótimo -  um divã para dois... mas investir na relação é fundamental...

Elaine Soares Queiroz - CRP 06/63511-0
Psicóloga/Diretora da Freixo Clínica

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Jornadas vividas e por viver


Com a entrada nas redes sociais e a estreia deste blog, a Freixo Clínica está iniciando uma nova fase em sua jornada de prestação de serviços éticos e de qualidade na área da Saúde. Ao mesmo tempo, oferecemos a nossa companhia e os nossos cuidados para a jornada de vida daqueles que nos procuram. E, já que estamos falando em "jornadas", "cuidados" e "companhia" em pleno Mês das Mães, é impossível não nos reportar a essa que é a maior e mais fascinante jornada humana: a maternidade. Fiquem atentos, pois ao longo de todo o mês de maio abordaremos esse assunto sob os mais variados ângulos. Estão prontos para embarcar nessa conosco?

São tantas flores e tantas cores em meio a tantas dores
São tantos sorrisos e tantos risos em meio a tantos gritos
São tantas falas e tantas palavras em meio ao que não foi dito
São tantas passagens em tantas fases
São pequenas, são grandes, são imensas
São simples, são complexas, são verdadeiras
São únicas, incompletas, mas que completam
São tão vividas, porém recém-nascidas
São inocentes, são maliciosas e irreverentes
São meu mundo, querem o mundo, pertencem ao mundo,
Um dia ganham o mundo, mas e meu mundo?...
(Um poema a quem ama incondicionalmente)

Autora: Elaine Soares Queiroz (CRP 06/63511-0)
Psicóloga/Diretora da Freixo Clínica

As flores do jardim


Luana, uma flor no jardim de Patrícia Viana
Eu sempre achei que uma mulher se realiza por completo quando vive a maternidade, uma experiência que transcende qualquer tentativa de explicação, algo que você só consegue dimensionar a partir do momento que vive, e que muda decisivamente e eternamente o que somos , o que pensamos e como agimos. É impressionante como nos tornamos mais fortes, nossos reflexos mudam, a sensibilidade , então, só cresce mais e mais a cada dia, junto com um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo.

O que eu não sabia é que tudo isso pode ser ainda maior quando somos surpreendidas por uma maternidade especial, quando somos escolhidas para sermos mães de uma maneira muito mais intensa, em virtude desta maternidade nos exigir ainda mais dedicação, desprendimento, atenção, cautela, paciência, sabedoria e principalmente muito amor.

Eu agradeço a Deus diariamente por ter sido escolhida por Ele para viver esta maternidade. Sou mãe de três filhas, Mariana de 8 anos, Juliana de quatro anos e Luana , de dez meses que nasceu com Síndrome de Down. Elas são o que de melhor poderia ter acontecido na minha vida.

Toda as vezes que me perguntavam sobre o sexo do bebê ou o que nós preferíamos, alguém sempre vinha com aquela frase clássica: “não importa o sexo, mas o importante é que venha com saúde”. Ainda que a Síndrome de Down não seja uma doença, mas sim uma condição, um conjunto de sinais e sintomas, algumas crianças nascem com algumas complicações que podem comprometer seriamente a sua saúde, e é claro que isso preocupa e assusta bastante os pais.

No caso da minha filha Luana, ela não apresenta nenhuma dessas possíveis complicações, o que não afasta a necessidade de cuidados especialmente complexos com ela. Apesar de nós sempre desejarmos o melhor para os nossos filhos, hoje eu realmente compreendo que o importante não é que os nossos filhos “venham” com “saúde”, mas que independente de como eles nasçam , nós sejamos excepcionalmente maravilhosos para fazer da vida deles uma grande vitória, a cada dia que passa.

Quando a Luana nasceu, eu tinha muito medo que o caminho fosse muito mais de espinhos do que de flores, e hoje eu vivo num jardim lindo, recheado das mais belas flores que uma mãe almeja receber. Não porque não existam aflições ou dificuldades, preconceito ou obstáculos grandes a superar, mas sim porque eu decidi não lamentar, mas aceitá-la como ela é, como devemos aceitar todos os filhos com suas particularidades, e viver esta experiência intensamente, oferecendo a ela a todo instante o meu melhor, sempre.

Apesar de eu ser fisioterapeuta, as dificuldades que enfrentei e enfrento são as mesmas de qualquer outra mãe porque ela não é minha paciente, é minha filha. Além do amor de Deus, que nos envolve e nos acalma dia e noite, um aliado bastante importante foi a informação, quanto mais eu me informava, mais e mais o meu coração se acalmava, e eu entendia que a nossa dedicação incondicional a ela faria toda a diferença. E tem feito, a Luana me ensinou que ser mãe dela é uma honra, porque eu conheci o significado do amor na sua ainda mais plena essência, e como eu escrevi no início deste texto , um amor que vence, supera e transforma absolutamente tudo. A Luana é uma jóia rara, que precisa apenas de uma lapidação mais cuidadosa e especial, mas que também terá seu brilho e beleza próprios. Ela é, sem dúvida , o que eu precisava para merecer a plenitude da alegria de ser mãe.

Patrícia Sanches de Faria Viana (Crefito 120083)
Coordenadora do serviço de Fisioterapia da Freixo Clínica

Distúrbios de Aprendizagem: angústias e esperanças maternas


Quando falamos em Distúrbios de Aprendizagem sempre pensamos nas crianças que não lêem, não conseguem aprender e não acompanham os colegas na escola. Mas quantas vezes pensamos nas mães que não conseguem lidar com esse turbilhão de angústias que o problema gera em seus corações?

Sempre que converso com mães cujos filhos sofrem por não conseguir aprender, escuto narrativas carregadas de dúvidas, desespero sobre qual caminho seguir ou a correria em busca de um diagnóstico correto ou um médico que as socorram. Isso sem falar na derrota que sofrem quando, no momento da reunião escolar, é chegada a hora de enfrentar o “monstro” em que o boletim de notas se transforma. Elas guardam como um grande segredo as ofensas, comparações e as constantes humilhações de que muitas vezes seus filhos são vítimas.

Certa vez, eu ouvi de uma mãe que disse que muito sofrimento e muitos momentos de angústia teriam sido evitados se alguém pudesse lhes dar um pouco de esperança, por menor que fosse. Ou que as ajudasse a lidar com os medos de enfrentar tudo de frente. São histórias parecidas, mas que ao final se entrelaçam quando se trata de entender e ajudar seus filhos na busca de uma solução.

Com certeza, com o diagnóstico correto e uma equipe multidisciplinar envolvida trabalhando em sintonia, o Distúrbio de Aprendizagem passa a ser mais fácil de ser diagnosticado e reabilitado, facilitando a inclusão dessa criança na escola e preparando-a para que, na vida adulta, grande parte dos sintomas causados pelo problema seja superada.

Importante mesmo é entendermos que nós, profissionais envolvidos, somos, muitas vezes, a única “ponta de esperança” dessas mães. Que saibamos diagnosticar, além do Distúrbio, os pedidos de socorro, para que, assim, possamos oferecer alternativas a esse sofrimento e que possamos, também, ajudá-las a entender que é possível a realização do sonho de que seus filhos possam ser crianças vitoriosas, capazes de realizar coisas com as quais elas, muitas vezes, sonharam como ideais!

Mães, recebam o reconhecimento da Equipe Freixo Clínica!
Aos colegas, um apelo profissional.

Patrícia Pigossi
Fonoaudióloga da Freixo Clínica
CRF 14474

Recado de um homem para os homens



"Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver"
(Gilberto Gil - "Super-homem, a canção")

Em pleno século XXI e em tempos de homofobia, falar sobre o lado feminino do homem ainda é um tabu. Para os homofóbicos ou machistas de plantão, é quase uma confissão de homossexualidade (ou de submissão às mulheres). Nada mais distante da realidade.

Já em 1905, nos "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", Freud apontava para uma bissexualidade constitucional psíquica nos seres humanos. O que isso significa? Que todo mundo vai sair por aí transando com pessoas de ambos os sexos? Não, em absoluto. Significa que, falando numa linguagem simples e acessível, todos os seres humanos possuem traços/características do sexo oposto em sua constituição psíquica, em sua personalidade.

Jung, à sua maneira, também falou sobre isso quando postulou os conceitos de anima e animus. Luiz Paulo Grinberg, no livro "Jung, o homem criativo", afirma que, assim como alguns hormônios e características físicas femininas estão presentes no homem (e vice-versa), o mesmo ocorre com as características psicológicas: anima é o nome que Jung deu para personificar os elementos femininos inconscientes presentes no psiquismo do homem, enquanto animus personifica os aspectos masculinos inconscientes da mulher. Interessante notar que "anima" significa "alma", em latim...

A postura machista e homofóbica, longe de tornar um homem mais homem ou mais macho, só o torna um ser incompleto. Somente aceitando e integrando seu lado feminino em sua personalidade, os homens poderão, de fato, tornar-se homens completos (ou super-homens, de acordo com a canção de Gil) e ser capazes de conviver com a alteridade, com o diferente. E, se não conseguirem entender melhor as mulheres, ao menos conseguirão respeitá-las muito mais.

Como vocês podem ver nos textos acima, meus caros amigos homens, por enquanto este post é o único texto masculino no meio de uma série, digamos assim, bem "cor-de-rosa". E nem por isso deixei de ser "azul". O mesmo ocorrerá com qualquer outro homem. Imergir no universo feminino não afetará a masculinidade de nenhum de vocês, acreditem. Muito pelo contrário: o crescimento em termos de maturidade e inteligência emocional proporcionado por essa experiência é extremamente recompensador.

Paulo Becare Henrique (CRP 06/70260)
Psicólogo da Freixo Clínica