segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os filhos na Separação Conjugal

Neste novo texto gostaria de dar continuidade ao tema tratado anteriormente  (clique aqui para ler), mas agora com ênfase na repercussão da separação conjugal nos filhos.

A separação conjugal tem sido considerada, por muitos segmentos da sociedade, inclusive por alguns educadores, como um dos fatores responsáveis pelas dificuldades emocionais e pelo fracasso escolar de crianças e adolescentes, sendo que algumas escolas ainda na década de 70 , não aceitavam alunos cujos pais fossem separados. Nas duas últimas décadas, a investigação e a maior compreensão dos mecanismos que regem a dinâmica familiar têm possibilitado a revisão de alguns preconceitos e conceitos, passando-se a considerar as disfunções familiares enquanto expressão dos diversos membros que a compõe.

Houve um aumento nestas últimas décadas de separações terminadas em divórcios, porém acompanhadas com um aumento de novas uniões, são as famílias compostas, pluralistas ou reconstituídas, aqui uso uma expressão não minha, mas que me simpatizo muito; " os meus, os teus e os nossos”, filhos, amigos, parentes, agregados que constituem o novo conceito de constituição familiar, em que fundamentalmente se formam por VÍNCULOS AFETIVOS e não mais por VÍNCULOS CONSANGUÍNEOS. 

Começando a ruir a imposição do casamento para toda a vida, surgindo à necessidade de realizações emocionais satisfatórias. E como ficam os filhos nesta nova dinâmica?
A separação conjugal não é a grande vilã e responsável pelos problemas emocionais das crianças e adolescentes, o que tenho visto no consultório que muitas crianças já eram problemáticas ou já apresentavam dificuldades emocionais durante o período do casamento dos pais, que são provenientes de relação insatisfatória pais/filho, deste casamento insatisfatório, dos papéis desempenhado pelo filho em uma dinâmica familiar disfuncional, e até algumas patologias já estavam instaladas cujo estopim se deu com a separação dos pais.
De forma nenhuma posso, como também não devo, menosprezar o impacto da separação conjugal, os filhos são afetados e necessitam neste momento estrutura emocional para readaptar-se a nova constituição familiar, precisam de estrutura para lidar com as perdas e mudanças, todavia a superação da separação dos pais para os filhos vai depender de como os cônjuges conduzem este processo, sendo necessário preservar a imagem de ambos para a criança.
Deve-se lembrar que a separação não necessariamente tem que ser traumática, alias, quanto menos traumática melhor será a relação desses pais no futuro, favorecendo o entendimento no que se refere a tomada de decisões na educação e na relação e manutenção afetiva deste filho.

É importante saber que a base de desenvolvimento emocional e cognitivo da criança são suas vivencias com as figuras parentais, sendo muito sensitiva e perspicazes para captarem as variações do ambiente familiar, nesse sentido, o clima de tensão e as crises do casamento de seus pais que podem resultar na separação são percebidas, mesmo quando estes têm o cuidado de preservá-la de suas discussões e agressões.
O que se faz necessário é informar a criança, que já percebeu, o fim da relação conjugal e deixar claro que o casamento termina, mas as relações parentais e afetivas são eternas. O grande problema é que ambos (pai e mãe) estão tão emergidos em dores e frustrações que não poupam ou tão pouco conseguem administrar a frustração da criança, sendo fundamental procurar ajuda profissional nestes casos, pois a criança  tende a se culpar e por fim acaba tentando lidar com a dor dos pais e com sua própria dor que resulta numa sobrecarga emocional e prejudicial ao desenvolvimento infantil.

As expressões das ansiedades da separação dos pais são manifestas por meio de verbalizações, jogos, brincadeiras, produções gráficas, porém quando as possibilidades lúdicas não são suficientes para expressão da angústia e não exista a elaboração da situação, a criança pode passar a apresentar queixas psicossomáticas; dificuldade no rendimento escolar, bloqueios cognitivos, alterações de comportamento ,isolamento, agressividade, entre outras que tende a surgir podendo assumir caráter transitório ou permanente, neste caso já não é necessário um profissional Psicólogo, mas  INDISPENSÁVEL para a saúde mental da criança.
E termino aqui, disponível para responder questões afins e deixo uma frase ... "Ser humano saudável é aquele que supera suas frustrações” .....e “redefine” a felicidade...

Elaine Soares Queiroz
Psicóloga / Diretora da Freixo Clínica
CRP 06/63511-0

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