sexta-feira, 11 de maio de 2012

Recado de um homem para os homens



"Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter
Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver"
(Gilberto Gil - "Super-homem, a canção")

Em pleno século XXI e em tempos de homofobia, falar sobre o lado feminino do homem ainda é um tabu. Para os homofóbicos ou machistas de plantão, é quase uma confissão de homossexualidade (ou de submissão às mulheres). Nada mais distante da realidade.

Já em 1905, nos "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", Freud apontava para uma bissexualidade constitucional psíquica nos seres humanos. O que isso significa? Que todo mundo vai sair por aí transando com pessoas de ambos os sexos? Não, em absoluto. Significa que, falando numa linguagem simples e acessível, todos os seres humanos possuem traços/características do sexo oposto em sua constituição psíquica, em sua personalidade.

Jung, à sua maneira, também falou sobre isso quando postulou os conceitos de anima e animus. Luiz Paulo Grinberg, no livro "Jung, o homem criativo", afirma que, assim como alguns hormônios e características físicas femininas estão presentes no homem (e vice-versa), o mesmo ocorre com as características psicológicas: anima é o nome que Jung deu para personificar os elementos femininos inconscientes presentes no psiquismo do homem, enquanto animus personifica os aspectos masculinos inconscientes da mulher. Interessante notar que "anima" significa "alma", em latim...

A postura machista e homofóbica, longe de tornar um homem mais homem ou mais macho, só o torna um ser incompleto. Somente aceitando e integrando seu lado feminino em sua personalidade, os homens poderão, de fato, tornar-se homens completos (ou super-homens, de acordo com a canção de Gil) e ser capazes de conviver com a alteridade, com o diferente. E, se não conseguirem entender melhor as mulheres, ao menos conseguirão respeitá-las muito mais.

Como vocês podem ver nos textos acima, meus caros amigos homens, por enquanto este post é o único texto masculino no meio de uma série, digamos assim, bem "cor-de-rosa". E nem por isso deixei de ser "azul". O mesmo ocorrerá com qualquer outro homem. Imergir no universo feminino não afetará a masculinidade de nenhum de vocês, acreditem. Muito pelo contrário: o crescimento em termos de maturidade e inteligência emocional proporcionado por essa experiência é extremamente recompensador.

Paulo Becare Henrique (CRP 06/70260)
Psicólogo da Freixo Clínica

5 comentários:

  1. "o crescimento em termos de maturidade e inteligência emocional proporcionado por essa experiência é extremamente recompensador". Sábias palavras, rs. Parabéns pelo texto.

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  2. Paulo, que lindo! Belo texto, música maravilhosa.

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  3. Ana e Patrícia, muito obrigado pelas palavras e pelo incentivo de vocês! Esse feedback é bastante motivador, não só para mim, mas para todos os colegas envolvidos com o crescimento deste blog.

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  4. Moisés, obrigada por nos prestigiar, em breve teremos mais textos!

    Um grande abraço,

    Dra. Elaine Soares

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  5. Paulo grande psicologo!! :D

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